quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Corte no Farmácia Popular, ou como envenenam Dilma com o povão

farmacia

Hoje fui comprar, na farmácia, meu remédio para diabetes. Tenho receita do posto de saúde público onde sou  tratado (muito bem tratado, aliás) e poderia pega-lo gratuitamente, o que não faço, pois acho absurdo me valer de uma política de subsídio social para a compra de um medicamento que custa (o genérico) apenas R$ 8 a caixa.

Lá, a balconista avisou-me que “o farmácia popular vai acabar”. Estranhei, disse que deveria ser um engano. Voltei para casa encafifado e fui pesquisar.

Dei de cara com a provável fonte da informação, a matéria do Extra, um jornal popular do Rio, que diz “Governo vai cortar Programa Farmácia Popular e tirar dinheiro de UPAs e Samu“.
Só quem lê, entretanto, a matéria até o final e busca outras fontes de informação é que descobre que, afinal, não é exatamente assim: ficam mantidos em toda a rede conveniada os tradicionais medicamentos gratuitos  – para hipertensão, diabetes e asma – e limitado o fornecimento dos demais aos postos de saúde e às unidades próprias do programa.

Em matéria de nomes: ficam mantidos o “Farmácia Popular” e o “Saúde Não Tem Preço” e  terminaria – para os medicamentos não relativos a diabetes, asma e hipertensão –  o “Aqui tem Farmácia Popular”.

Mesmo sendo um “corte”, observe-se o seu tamanho: 90% das pessoas beneficiadas pelo programa utilizam-se de medicamentos para os três casos que estão mantidos.

Não procurem estes esclarecimentos no site do Ministério da Saúde, porque não há nada por lá. Muito menos há uma nota, um desmentido, uma informação sequer.

Mas é – fora para a turma “do mundo da lua” de Brasília – o assunto do dia no povão: a faxineira do vizinho comentou o “fim do Farmácia Popular” ao cruzar comigo no corredor do prédio.

Sabem quanto é o “corte de repasses? R$ 574 milhões, 2% do pacote de cortes orçamentários proposto pelo Governo Federal. Não dá 20%, muito menos, dos programas de distribuição de medicamentos do SUS.

Só imbecis expõem desta maneira um governo que não tem ninguém, a não ser o povão mais humilde, como reserva de forças para enfrentar seus inimigos, especialmente armados de um arsenal de comunicação.

São os “cabeças de planilha”, na expressão genial criada pelo  Luís Nassif,  que, na ânsia de agradar “o mercado” – a quem tanto se lhe dá o corte seja de R$ 26 bilhões ou de “apenas” R$ 25,5 bilhões – não se incomodam em expor Dilma a este “vai acabar a Farmácia Popular”…

Não adianta culpar a mídia por incendiar a popularidade de Dilma se dão a ela, de bandeja, uma xícara de gasolina.

Chico Buarque foi profético a receitar, numa entrevista a O Globo (a meu querido Rodolfo Fernandes, sujeito gentil, morto precocemente), em junho de 2004:
“Seu apoio (de Chico Buarque) a Lula não é isento da constatação de certas falhas. Tem uma opinião curiosa sobre alguns erros de comunicação cometidos pelo governo: acha que Lula deveria criar um novo ministério. O nome do novo cargo? “Ministério do Vai Dar Merda”. Funcionaria assim, segundo Chico:
– A cada decisão importante, esse ministro seria chamado. Se o governo decide recadastrar os idosos, o Lula convoca o ministro e pergunta: “Vai dar merda?” O ministro analisa o caso, vê que os velhinhos vão ser humilhados nas filas, e responde: “Vai dar merda”. No caso da briga com o “New York Times”, era só chamar esse ministro e perguntar: “Vamos expulsar o jornalista. Vai dar merda?” O cara ia analisar e responder: “Vai dar merda”…

http://tijolaco.com.br/blog/corte-no-farmacia-popular-ou-como-envenenam-dilma-com-o-povao/



Ramón Dell'Armelina Rocha · 

Resolvi buscar no site do MPOG (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão) porque sempre preferi ir nas fontes primárias. Comparando as propostas de Lei Orçamentária de 2015 e 2016, no volume 2, temos o seguinte (comentário segue nas respostas):
|-| O custeio do SAMU foi aumentado, e, no caso das UPAS, não se "retira dinheiro" delas. O que será diminuído é o investimento na implantação, construção e ampliação do sistema no ano de 2016. 
|-| No caso da Farmácia Popular, na ação 20YR (vinculada ao sistema de gratuidade) os valores estão maiores que os de 2015, em contrapartida, na PLOA 2016
 não se observa a ação 20 YS (vinculada ao co-pagamento) o que, em linhas gerais, não representará nem sombra do que a manchete da reportagem indica. Há 2 cenários: ou ocorreu alguma inconsistência na diagramação do orçamento e os valores de gratuidade e pagamento foram agregados, ou, em 2016, os medicamentos serão distribuídos exclusivamente nas unidades governamentais. Considerando que nas viagens que eu faço observei diversas unidades parceiras do programa de Farmácia Popular sendo reinauguradas, acredito que trate-se de alguma inconsistência na diagramação do orçamento.
|-| Curioso é observar que ocorreu aumento considerável no orçamento para medicamentos para portadores de HIV/AIDS e de outras DSTs (de R$ 980 000 000 para R$ 1 100 000 000) e Apoio Financeiro para Medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (de R$ 4 950 000 000 para R$ 7 000 000 000).
|-| Repetindo o mantra da grande mídia: se um governo não é nosso aliado, o que é bom a gente esconde, o que é ruim a gente fatura.
|-| Pra quem tiver paciência, recomendo baixar as seguintes imagens (tentei sintetizar ao máximo)
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=911302095612896&set=a.911302072279565.1073741831.100001993413619&type=3&theater
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=911302245612881&set=a.911302072279565.1073741831.100001993413619&type=3&theater

Antônio Edon Belther
Num país como Suécia, que os coxinhas vivem comparando com o Brasil, sem levar em conta todas as diferenças e são centenas, uma mentira como essa daria cadeia e um pedido de desculpas de página inteira por ter mentido. Lá os leitores odeiam ser enganados. Aqui parece que é o contrário.

Ministério da Saúde refuta boato sobre fim do programa Farmácia Popular

farmcia popularEm sua página no Facebook, respondendo a um pedido de esclarecimento sobre boatos que circulam a respeito de um possível fim do Farmácia Popular, o Ministério da Saúde foi enfático ao dizer que “não há nenhuma proposta do governo federal no sentido de acabar com o Programa”.
O Ministério da Saúde também esclareceu que o programa “segue funcionando regularmente, tendo garantido orçamento para este ano na ordem de R$ 2,8 bilhões”.
O órgão ressalta que “as informações sobre possíveis reduções das verbas destinadas à iniciativa se referem à Proposta de Lei Orçamentária Anual para 2016 (PLOA 2016) que foi enviada pelo poder Executivo ao Congresso Nacional. Desta forma, é importante frisar que este cenário não é definitivo, uma vez que a proposta tem de ser discutida e aprovada pelo Congresso”.
Ademais, o ministério informa ainda que segue “trabalhando de maneira transparente para a recomposição de seu orçamento para 2016 com a apresentação de propostas como a recomposição do DPVAT para garantir um aporte adicional de recursos para a saúde – diálogo que está sendo feito junto ao Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão”.
“É importante ressaltar que não há nenhuma proposta do governo federal no sentido de acabar com o Programa Farmácia Popular. Caso o orçamento seja aprovado da forma como foi encaminhado ao Congresso, serão mantidos os 14 medicamentos para tratamento de hipertensão, diabetes e asma, cuja oferta é gratuita ao cidadão. Esses produtos respondem por mais de 85% dos pacientes atendidos mensalmente pelo Programa. Pela PLOA 2016, há uma redução de R$ 578 milhões para esta iniciativa”, conclui o texto publicado pelo Ministério.
http://www.ptnacamara.org.br/index.php/component/k2/item/24690

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