quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Alguns dos nossos políticos têm como regra geral que, na política, é sempre possível piorar aquilo que já é muito ruim.


Partidos mudam de nome para vender velhacaria como novidade. Por Donato

Já conhece o Livres, o Avante, o Podemos, o Mude? Não? Conhece sim, você é que não sabe.
Na próxima quinta-feira (dia 10), por exemplo, haverá o anúncio oficial da candidatura de Jair Bolsonaro pelo ‘Patriota’. Nunca ouviu falar? Pois bem, é o antigo PEN (Partido Ecológico Nacional). Bolsonaro deixou o PSC (Partido Social Cristão), que pelo visto anda sem ideias de marketing, e pulou para o tal Patriota. Algum dia saberemos se foi a ida do deputado que motivou a mudança de nome do partido ou o contrário.
ente uma descarada alusão ao partido espanhol surgido após o movimento dos ‘Indignados’ tomar as ruas. Aqui, o PTN deseja herdar essa imagem de estar em sintonia com os tempos atuais.
“Juntos podemos mudar o Brasil”, disse a presidente da legenda, Renata Abreu, na ocasião de apresentação em que convidava as pessoas a conhecerem o partido. Como assim conhecer? O PTN tem registro eleitoral no TSE desde 2 de outubro de 1997!! É novo?
Tem mais. O PtdoB (Partido Trabalhista do Brasil) – que é ainda mais antigo, é de 1994 – trocará de nome, para ‘Avante’. O PSL (Partido Social Liberal), outro que já tem 22 anos de idade, está com o nome ‘Livres’.
E o bom e velho DEM (Democratas)? Esse também deseja ser rebatizado para MUDE (Movimento de Unidade Democrática). Mas esse partido nem poderíamos colocar na lista, afinal é especialista na matéria. Já foi Arena (1965-1979), depois PDS (1979-1985), PFL (1985-2007) e atualmente é DEM. Por enquanto.
O que desejam com isso? Querem se adequar às expectativas populares pelo ‘novo’ para as eleições de 2018. Sem um novo conteúdo, alteram o nome, a embalagem, e assim ludibriam os incautos que aguardam “uma solução antipolítica, vinda de fora”, como declarou Armínio Fraga – outro ex-amigo de Aécio Neves – em entrevista à Folha de S.Paulo esta semana.
A medida de maquiar uma marca ou produto desgastado após algum tropeço é comum. Para ficarmos em exemplos ainda relacionados ao tema, a JBS mandou retirar o logotipo da Friboi nas peças de carne que comercializa. Lavou à jato forte sua mácula pelo envolvimento os esquemas de propinas.
Outra empresa duramente afetada, a Odebrecht também está em fase de mudar nomes e logomarcas de empresas do grupo, como estratégia para se dissociar dos escândalos. Será uma busca por “recuperação reputacional”, segundo afirmou o vice-presidente Marcelo Lyra, responsável pela comunicação da holding. É pelo mesmo motivo que companhias aéreas suspendem a veiculação de propagandas quando ocorre um acidente com alguma de suas aeronaves.
Mas partidos não são produtos. E o fato de preferirem varrer para baixo do tapete o antigo nome ao invés de realizarem uma faxina na alma, reflete que pouca coisa realmente irá mudar em suas diretrizes.
Quando se fez um balanço da operação italiana Mãos Limpas, observou-se que a corrupção apenas havia aperfeiçoado seus métodos e não sido extinta, por obvio.
Por essas bandas, o saldo do vendaval de 2014, o resultado do ‘passar o Brasil a limpo’ gritado aos quatro cantos pelos arautos da operação Lava Jato será semelhante em termos de substância. Muita espuma.
A face mais visível no momento é a movimentação dos partidos em busca de uma nova embalagem, um novo rótulo para as eleições do próximo ano. Quem quiser que acredite que estas siglas sejam verdadeiros pokemons e tenham evoluído.
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Distritão, com todo o respeito, só no Afeganistão. Por Hayle Gadelha


Alguns dos nossos políticos têm como regra geral que, na política, é sempre possível piorar aquilo que já é muito ruim. Isso fica bem claro com a aprovação, na comissão da reforma política da Câmara, do sistema conhecido como “Distritão” para eleger nossos parlamentares.
É o sistema menos usado no mundo, em apenas quatro países (Afeganistão, Jordânia, Vanuatu e Pitcairn), que representam 0,5% da população mundial. É sem dúvida o pior de todos os sistemas eleitorais (com o respeito a esse meio por cento de eleitores). É o sistema que mais anula os partidos políticos, dando força total a cada deputado eleito – e, principalmente, poderá contribuir para alimentar a roubalheira que tomou conta do país. Tudo se resume a isso: roubo associado à destruição da representação política do povo, a essência do Golpe.
Bem ou mal, os partidos (falo só dos partidos sérios, criados sem a intenção de “se dar bem”) resumem muito bem o espectro político da população. O fortalecimento desses partidos é muito importante para combater o fisiologismo. É verdade que temos partidos além do necessário, bastariam uns 15, por exemplo. (É verdade também que nos Estados Unidos, por exemplo, existem mais de 70 partidos, mas são apenas 2 que têm de fato representatividade nacional.)
O voto na lista partidária significaria grande avanço na democracia, mas seria importante também a ampliação do financiamento público das campanhas políticas. Assim como o Governo Federal já financia inteiramente a transmissão por rádio e TV da propaganda eleitoral, seria fundamental que também financiasse a produção do material de propaganda – porque no final sairia bem mais barato para o contribuinte. Quer melhor exemplo do que essa onda de delações premiadas onde vemos fortunas sendo desviadas dos cofres públicos em função de “contribuições” para campanhas eleitorais? Com o financiamento público, os candidatos/partidos teriam suas campanhas e não teriam que se comprometer em pagar depois de eleitos.
Mas o que está por trás de tudo isso, além da evidente manutenção da “boquinha” política, é a perpetuação do golpe – algo que temos muito o que temer…
http://www.tijolaco.com.br/blog/distritao-com-todo-o-respeito-so-no-afeganistao-por-hayle-gadelha/


As milionárias consultorias de Meirelles

Rubem Valente, na Folha, traz mais uma daquelas revelações que, por se tratar de gente querida pelo mercado, jamais virá ao caso:
Um ex-cliente da empresa de consultoria que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, manteve até assumir o cargo controla uma companhia que tem negócios milionários com o governo federal.
Gerida pelo fundo de investimentos americano KKR, a Aceco recebeu R$ 635 milhões de órgãos federais de 2007 a 2017, em valores não atualizados, por serviços de armazenagem de dados e salas-cofre de computadores.
A Aceco presta serviços para o Exército, agências reguladoras e hospitais, além de órgãos do Legislativo. Foi o primeiro e até agora é o único investimento feito no Brasil pelo KKR, que tem ativos avaliados em US$ 39 bilhões.
(…)
Em nota, a assessoria de Meirelles no Ministério da Fazenda afirmou que o ministro “não foi executivo da empresa [Aceco] e, portanto, não participou de nenhuma atividade operacional”. Segundo o ministério, a HM&A (a empresa de Meirelles) tinha contrato para “organizar a implantação do KKR no Brasil, com análise do mercado local, evolução do mercado de private equity no país e plano estratégico”. O ministro não esclareceu quanto recebeu do fundo, alegando sigilo fiscal. 
O KKR é um polêmico grupo norte-americano, criado pelos primos Henry Kravis e George Roberts e que, segundo o Wall Street Journal,em 2014, possuía “93 empresas em seu portfólio de private equity, representando uma ampla gama de indústrias”.
Que, apesar disso, era uma parte menor de seus negócios. A maior parte da renda vinha de sua “unidade de mercados públicos oferece investimentos em empréstimos alavancados e outras estratégias de crédito, patrimônio e fundos de hedge, enquanto a divisão de mercados de capitais organiza financiamento de dívida e patrimônio para transações, subscreve ofertas de valores mobiliários e fornece conselhos”.
Portanto, mercado financeiro, aquele que faz fortuna a partir do nada. Ou das políticas econômicas adotadas por países entregues aos “market men“.
Eles não têm de prestar contas de nada, são insuspeitos e honestos apenas porque gostam de ganhar centenas de milhões.
http://www.tijolaco.com.br/blog/as-milionarias-consultorias-de-meirelles/




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