quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O império francês que semeou tanta dor, sofrimento e morte na África foi tão vasto e em tão diferentes regiões que quando os primeiros raios de sol anunciavam o novo dia em Madagascar, no oriente, as últimas sombras da noite apenas haviam abandonado totalmente as colônias do ocidente.


Quando você orar pela França, não se esqueça de orar para essa senhora Sul-Africana Sarah Baartman cujo corpo estava em um zoológico francês sendo usado como uma exposição. Durante seus dias de vida ela foi abusada sexualmente e era obrigada a andar nua nas ruas de Paris e cada máfia branca poderia tocar seu corpo ou ter relações sexuais com ela. Ela seria usada em palestras como exposição, de como o corpo de uma mulher negra se parece e ainda hoje os franceses acreditam que o clitóris de uma mulher negra tem demônios.
Algumas reflexões psicológicas acreditam que foi o início da falta de confiança pela maioria das mulheres negras.
Não se esqueça também de rezar para os 18000 cabeças cortadas de africanos que foram degoladas durante a colonização francesa dos países francófonos. Como estou escrevendo aqui estes milhares de corpos africanos que foram enforcados estão nos Museus franceses, como exposições de supremacia colonial francês.
(Neto Randi Zhoao Manuel)


Roberto Correa Wilson: Um olhar sobre o império francês na África

No século 19, a França tinha consolidado um notável império colonial na África, cujas posses se estendiam a quase todas as suas regiões, ainda que com particular ênfase na África Ocidental, ilhas do Oceano Índico e no norte do continente.

Por Roberto Correa Wilson, na Prensa Latina


Reprodução
No século 19, a França tinha consolidado um notável império colonial na África, cujas posses se estendiam a quase todas as suas regiõesNo século 19, a França tinha consolidado um notável império colonial na África, cujas posses se estendiam a quase todas as suas regiões
Um império que por suas dimensões só foi comparável com o da Grã-Bretanha na região.

Os conflitos territoriais entre potências europeias conduziram à partilha oficial da África na Conferência de Berlim (1884-1885), convocada por Leopoldo II, rei da Bélgica.

Em outras partes do planeta, a França também possuía colônias no Caribe e na Ásia, as arcas de Paris se nutriam das riquezas que proviam, além da África, dessas regiões infestadas de países empobrecidos devido à exploração.

A relação da França com a África iniciou-se com a participação de muitos de seus cidadãos desde o século 16 no tráfico de escravos que eram enviados às plantações agrícolas no Haiti, Guadalupe, Martinica e outras posses no Caribe e na Guiana, na América do Sul.

Em 1834, a Coroa britânica proibiu o comércio de escravos em suas colônias ao estar em curso a revolução industrial. Londres decidiu perseguir os violadores da norma e com esse objetivo instalou bases navais na África.

A França somou-se a esses propósitos e em algumas áreas as autoridades cooperaram com as forças punitivas britânicas. Na nova conjuntura política e econômica que vivia a Europa, não era conveniente o regime escravista cedendo seu espaço à exploração colonial.

O império 

A França reteve seu maior número de posses no ocidente e centro do continente, onde cerca de uma dúzia de nações, algumas com territórios várias vezes superiores ao da metrópole, foram convertidas em colônias, e implantou uma exploração tão cruel quanto a escravidão.

O domínio francês impôs-se no Alto Volta e Daomé (Burkina Faso e Benin, respectivamente após a independência), as atuais República do Congo, República Centro-Africana, Costa do Marfim, Senegal, Chade, Gabão, Mali, Níger e Togo.

Cidadãos franceses apoderaram-se das melhores terras removendo a população nativa, controlaram o comércio e a atividade econômica dessas nações; atraídas pelas imensas riquezas naturais e florestais, chegaram as companhias que impuseram um sistema de trabalho de semiescravidão.

No plano político, Paris criou a denominada África Ocidental Francesa que tinha como centro as decisões do governo francês, executadas por um governador geral, também francês, sem participação dos nacionais.

Essa situação gerava descontentamento e insatisfação na população, que em sua própria terra carecia de direitos elementares, e devia obedecer ordens de um estrangeiro despótico que reprimia com extrema crueldade as ações de protesto ou rebeldia.

Nessa região está Camarões, que foi conquistado pela Alemanha. Após a derrota germânica na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), essa nação europeia perdeu suas posses na África.

Camarões foi dividido e atribuído como mandato da Sociedade de Nações, antecessora da atual Organização das Nações Unidas. O ocidente do país passou ao poder da Grã-Bretanha e o oriente ficou sob a autoridade da França.

Chifre da África e o Índico


No outro extremo da África Subsaariana está localizado o Chifre da África, e confinado entre a Etiópia, a Somália e no Golfo de Áden encontra-se o Djibuti.

Desde meados do século 19, a França se apossou do pequeno país. Quase em fins desse século decidiu dar-lhe um status colonial com o pomposo nome de Costa Francesa dos Somalis.

Mais ao sul, em pleno Oceano Índico, Madagascar mostra-se como a quarta maior ilha do planeta e a mais extensa da África. Em 1885, a França assumiu pela força um mandato de protetorado reconhecido por sua opositora Grã-Bretanha.

Após a França exigir um domínio total sobre o país por meio de um ultimato, a população malgaxe se insurgiu mas foi derrotada. Depois de novos levantes, todos afogados em sangue, a enorme ilha se converteu em colônia de Paris.

Ao noroeste de Madagascar localiza-se o pequeno arquipélago de Seychelles. A primeira expedição francesa de conquista chegou no século 18, mas no cenário de guerra de rapina em que os colonialistas tinham convertido a África, antes de finalizar esse século, em um episódio bélico limitado, Grã-Bretanha tomou Seychelles da França.

De maior envergadura foi a batalha pela conquista colonial de Maurício, a 1.100 quilômetros ao leste de Madagascar. Primeiro chegaram os holandeses, que deram o nome atual ao país e foram expulsos.

Os franceses reclamaram essa posse e a Holanda, mais vulnerável militarmente, não pôde sustentá-la.

Semelhante destino teve a França frente à Grã-Bretanha. Paris declarou a ilha sua colônia, que serviu como base naval durante as guerras napoleônicas, e seus cidadãos se estabeleceram no território, mas a Grã-Bretanha se apoderou de Mauricio após violentas batalhas.

A França foi derrotada por sua arqui-inimiga em aventuras coloniais.

Mais ao norte, quatro nações do noroeste da África na fronteira com o deserto do Saara foram colônias da França.

A Mauritânia, cujo território está quase totalmente imerso no grande areal; a Tunísia, o mais setentrional dos países africanos; o Marrocos e a Argélia, esta última uma das maiores nações do continente.

O império francês que semeou tanta dor, sofrimento e morte na África foi tão vasto e em tão diferentes regiões que quando os primeiros raios de sol anunciavam o novo dia em Madagascar, no oriente, as últimas sombras da noite apenas haviam abandonado totalmente as colônias do ocidente.

http://www.vermelho.org.br/noticia/253995-9

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