Marilena Chaui
A classe média tem um sonho: ela sonha que, com muito esforço, se toda família levantar cedo todo dia, todo mundo trabalhar bastante, economizar, investir na poupança, direitinho, em uma conta no Santander, vai ficar burguesa. É burra! Porque, ser burguês não é ter muito dinheiro. Ser burguês, é ter a propriedade privada dos meios sociais de produção. A classe média é burra. Ela acha que, se ficar rica, vai ficar burguesa.
Ela tem um pesadelo: o pesadelo dela é a proletarização. Se tornar membro da classe trabalhadora.
Os programas sociais dos últimos dez anos no Brasil balançaram a cabeça da classe média. Porque, ela viu subir, subir, subir e ir para o aeroporto, gente que até outro dia, ela via de sandálias havaianas, lá pertinho da favela. E tem uns carinhas entrando na faculdade, hurrrsss. Então ela entrou em pânico. Completamente em pânico. Ela sentiu seu espaço sendo invadido. Ela se sente completamente ameaçada. Porque o poder do estado, "infelizmente", por enquanto, não está completamente nas mãos da burguesia e o poder social não está em suas mãos. Então, ela se sente ameaçada e acuada. É como se o mundo estivesse pondo em risco todos os seus valores.
Marilena Chaui é:
Professora titular de Filosofia Política e História da Filosofia Moderna na Universidade de São Paulo.
A classe média tem um sonho: ela sonha que, com muito esforço, se toda família levantar cedo todo dia, todo mundo trabalhar bastante, economizar, investir na poupança, direitinho, em uma conta no Santander, vai ficar burguesa. É burra! Porque, ser burguês não é ter muito dinheiro. Ser burguês, é ter a propriedade privada dos meios sociais de produção. A classe média é burra. Ela acha que, se ficar rica, vai ficar burguesa.
Ela tem um pesadelo: o pesadelo dela é a proletarização. Se tornar membro da classe trabalhadora.
Os programas sociais dos últimos dez anos no Brasil balançaram a cabeça da classe média. Porque, ela viu subir, subir, subir e ir para o aeroporto, gente que até outro dia, ela via de sandálias havaianas, lá pertinho da favela. E tem uns carinhas entrando na faculdade, hurrrsss. Então ela entrou em pânico. Completamente em pânico. Ela sentiu seu espaço sendo invadido. Ela se sente completamente ameaçada. Porque o poder do estado, "infelizmente", por enquanto, não está completamente nas mãos da burguesia e o poder social não está em suas mãos. Então, ela se sente ameaçada e acuada. É como se o mundo estivesse pondo em risco todos os seus valores.
Marilena Chaui é:
Professora titular de Filosofia Política e História da Filosofia Moderna na Universidade de São Paulo.
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