Diogo Mainardi paga mico na GloboNews.
Eduardo Guimarães em seu blog
Espalhou-se pela internet entrevista que a empresária paulista Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues, atual presidente da rede de varejo Magazine Luiza, concedeu ao programa Manhattan Connection, da GloboNews, e que foi ao ar na noite de domingo, dia 19.
Para o apresentador Lucas Mendes, a empresária é “simplesmente Luiza”, pois “assim ela é tratada pela presidente Dilma Rousseff e pelos próprios faxineiros” – supõe-se que de sua empresa.
Mendes qualificou Luiza como “um fenômeno do comércio brasileiro pelas vendas e pela gestão” e, em sua primeira pergunta a ela, deu ao telespectador a impressão de que tinha diante de si um tipo raro de empresária, o tipo otimista.
Atente para a pergunta de Mendes, leitor. Deixa clara a razão pela qual a empresária foi convidada para um programa cujo objetivo, há anos, tem sido espalhar pessimismo com o Brasil.
Lucas Mendes: “Você não esconde seu otimismo pelo Brasil, nem pela outra presidente, e diz que a culpa desse pessimismo é nossa, da imprensa. Eu acho que esse economista sentado aí de seu lado discorda”.
Uau! Pensei que sobreviria um massacre. Até porque Luiza é uma mulher de modos simples. Tem aquele sotaque meio caipira do interior paulista, fala um português coloquial, pois, apesar de ter nascido na capital, sua tia – também Luiza, de quem herdou o negócio – fundou em Franca, interior de São Paulo, a primeira loja da rede que a sobrinha edificaria.
O tal economista que parecia que iria demolir as posições de Luiza foi o também apresentador do programa Ricardo Amorim. Porém, a expectativa se frustrou. Perguntou apenas se seu colega Caio Blinder, que na semana passada dissera que “o varejo brasileiro está em crise”, tinha razão.
Luiza, obviamente, disse que não. Citou dados do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo). Segundo o instituto, o comércio varejista brasileiro cresceu 5,9% em 2013 e só as redes de lojas vinculadas a esse instituto geraram 631 mil empregos.
Luiza ainda teve de explicar ao já titubeante Blinder que o Brasil é“diferente dos Estados Unidos”. Nessa explicação, a vitoriosa empresária teve de fazer ver ao jornalista o que tem sido dito exaustivamente neste blog, que o atual modelo de desenvolvimento brasileiro, hoje intrinsecamente baseado no consumo de massas, não pode estar esgotado em um país em que apenas 7% ou 8% do povo têm televisão de tela plana, em que apenas 54% têm máquina de lavar…
Enfim, Luiza teve de explicar que, com tanto brasileiro sem produtos que nos EUA qualquer um tem, o modelo de consumo de massas não pode estar “esgotado”.
Blinder, meio atônito com a aula que recebeu de uma empresária que transformou uma pequena loja do interior de São Paulo numa holding que compete hoje com as grandes redes de varejo brasileiras, balbuciou alguma coisa sobre “bolha de consumo” e foi perguntar sobre “rolezinhos”.
Mais adiante, insatisfeito, Lucas Mendes passou a bola a ele, ao próprio, a ninguém mais, ninguém menos do que o “temível” Diogo Mainardi. Seria ele que conseguiria mostrar que aquela megaempresária tão otimista com o país não sabe o que fala?
Antes de prosseguir, devo dizer que esse programa praticou uma covardia. Não se coloca para debater economia pessoas que não têm o menor preparo. Detalhe: a covardia foi com Mendes, Amorim, Blinder e Mainardi.
O expatriado em Veneza – sabe Deus por que – foi logo vestindo aquele seu pretenso estilo irônico, irreverente, desassombrado, mas que não passa de pretensão porque tal estilo requer atributos intelectuais que ele, ao longo do programa, deixou ver que não tem.
Em tom professoral, Mainardi começou a “explicar” a uma empresária desse quilate que “todos os fatores que determinaram o crescimento do varejo” e que ela acabara de citar a Blinder teriam “murchado” porque “os juros estão subindo, o crédito diminui, a inadimplência aumentou pelo segundo ano consecutivo” etc. etc.
E tascou uma pergunta insolente, em sua tática de tentar intimidar quem não tinha condição: “Quando é que você vai vender suas lojas para a Amazon?”
Luiza, com o semblante sério, questionou as informações que Mainardi acabara de divulgar e prometeu lhe passar os dados corretos por e-mail. Começou dizendo que “a inadimplência está totalmente sob controle”. Nesse momento, ouve-se sorriso de deboche de Mainardi, que a interrompe: “Aumentou em 2012 e aumentou em 2013”.
Mostrando concentração, Luiza desmentiu o interlocutor: “Não! O que o que aumentou foi a inadimplência geral focada”.Explicou que a inadimplência no varejo não aumentou, diminuiu. E que nunca tivemos, no Brasil, um índice de inadimplência tão bom quanto em 2013.
Mainardi insiste: “Na sua loja…”
Luiza rebate: “Não, não é na minha loja, é no Brasil”.
Mainardi não se dá por vencido e diz que os dados “da Serasa” seriam “diferentes”. Novamente, Luiza diz que ele está errado e que vai lhe passar os dados corretos.
A segunda parte desse debate que me é mais cara foi ela ter dito um fato mais do que evidente, mas que ninguém consegue dizer na grande imprensa. A declaração textual de Luiza, que vou reproduzir abaixo, tem sido repetida à exaustão neste blog:
“Como é que fala que a bolha acabou? Nós precisaremos construir 23 milhões de [unidades do programa] Minha Casa Minha Vida pro brasileiro ter um nível social adequado aos países desenvolvidos. Como que a gente fala que é bolha? Bolha são 23 milhões de casas para 23 milhões de pessoas que mora (sic) com o sogro, com a sogra pagando 400 reais de aluguel. Nós tivemos três década perdida (sic)”.
Luiza volta a prometer a Mainardi que irá lhe enviar os dados da inadimplência por e-mail, ao que ele responde com um sorriso debochado e com a petulante frase “me poupe (sic), Luiza”.
Aquela que o colega de Mainardi disse, no início do programa, ser “um fenômeno do comércio brasileiro pelas vendas e pela gestão” não se abalou e continuou ensinando ao insolente especialista em nada que ninguém ia comprar suas lojas. E lhe deu mais algumas explicações técnicas sobre as mudanças que poderão ocorrer no mercado nos próximos anos e sobre como suas empresas irão enfrentá-las.
A artilharia contra Luiza ainda tentou prosseguir. Amorim, o economista, deu como “prova” do “desastre” que vive anunciando que as grandes redes de varejo brasileiras não figuram entre as maiores do mundo…
Foi aí que Luiza matou a pau explicando que o varejo no Brasil não era nada até “cinco, seis anos atrás”, que era “muito esquecido”, e que ainda está “engatinhando”, o que, claro, desmonta a tese de “esgotamento” do modelo de consumo de massas.
Amorim, o economista, ficou caladinho.
Foi nesse momento que Mendes, possivelmente após ter consultado a produção do programa, reconheceu que Luiza tem razão na questão da inadimplência. E mudou para assunto mais ameno.
De fato, Luiza tem razão. A inadimplência “focada” que ela admitiu a Mainardi que subiu é a inadimplência seca, que não leva em conta fatores sazonais. É a que mede a Serasa de Mainardi. São, porém, dados brutos.
Há de levar em conta, por exemplo, que naquela determinada época do ano há sempre um aumento da inadimplência. Se não se levar esse fator em conta realmente a taxa será considerada em alta, mas não é assim que os dados devem ser interpretados.
Para esclarecer melhor, vale ler, abaixo, trecho de boletim da Boa Vista Serviços, administradora do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).
***
13 de janeiro de 2014Os registros de inadimplência caíram 0,4% em 2013, em todo o país, conforme apuração da Boa Vista Serviços, administradora do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Em dezembro, contra novembro de 2013, houve redução de 4,5%, descontados os efeitos sazonais.Ao longo dos primeiros seis meses de 2013, os registros de inadimplência mantiveram a queda iniciada no final de 2012. Entretanto, a partir do segundo semestre, após uma reversão temporária desta tendência, o indicador encerrou o ano em queda, com nível menor que o registrado em dezembro do ano anterior.A melhoria do quadro da inadimplência pode ser justificada pela continuidade de fatores como aumento dos rendimentos reais, baixo desemprego, queda dos juros, entre outros. Além disso, em 2013 houve um grande ajuste do mercado de crédito, tornando-o mais saudável, com credores mais seletivos e consumidores mais cautelosos (…)
***
Como se vê, Mainardi disse bobagem – que a inadimplência aumentou pelo segundo ano consecutivo. A matéria da Boa Vista mostra que a inadimplência aumentou em 2012, mas caiu no ano passado. Mainardi pagou um mico.
Esse fato é extremamente eloquente porque deixa ver a falta de compromisso dessa mídia terrorista com os fatos. Põe gente que não entende nada do mercado para dizer o que o patrão quer que seja dito e o espectador desavisado compra como se fosse fato.
Fato mesmo é que ri muito ao ver a incrível Luiza surrar verbalmente Diogo Mainardi. Ria sozinho. Não só pelo que ela disse – e que reproduzi acima –, mas pela forma como disse – com sua linguagem coloquial e despretensiosa.
Toda essa conversa durou, mais ou menos, uns 15 minutos.
Brasil 247
Contra os pessimistas que “só veem o copo do lado vazio”, a empresária Luiza Trajano, dona da terceira maior rede de varejo do Brasil, a Magazine Luiza, destacou em entrevista índices bastante positivos para o setor. A empresária declarou que esta foi a “década do varejo”, que 2013 registrou o menor índice de inadimplência já visto, um crescimento anual de 5,9% e destaque para a geração de empregos. Além disso, rechaçou qualquer chance de crise, como previram seus entrevistadores.
As declarações foram feitas ao programa Manhattan Connection, da GloboNews. Ao jornalista Caio Blinder, que garantiu que o setor vive uma crise atualmente, ela respondeu: “Com todo respeito, mas o varejo brasileiro não está em crise. O crédito, o aumento da renda e o emprego, e a entrada dessa nova classe média, gerou para o varejo a década do varejo. Então, eu tenho que discordar de você, viu Caio”.
Na opinião da empresária, é um “hábito do brasileiro” ver “o copo do lado vazio, e nunca o lado do copo cheio”. A imprensa, segundo ela, faz o mesmo. Utilizando-se da mesma expressão da entrevistada, Diogo Mainardi disse ser o próprio copo vazio. “Eu sou a personificação do copo vazio”. Em seguida, rebateu os números de Luiza afirmando que “todos os fatores que determinaram o crescimento do varejo estão murchando, ou murcharam”.
“Os juros estão subindo, o crédito diminui, a inadimplência aumentou pelo segundo ano consecutivo, a inflação aumenta, a indústria nacional foi sucateada, isso vai levar uma piora do emprego também. A pergunta é a seguinte: quando é que você vai vender suas lojas para a Amazon? Há como resistir à onda do varejo eletrônico?”, questionou. Ele previu ainda: “Eu não vejo caminho para o varejista brasileiro numa situação em que vai haver crise. Se ela não existe ainda, haverá”.
Levemente irritada, a dona da rede de 400 lojas garantiu que os dados de Mainardi estavam incorretos. “A inadimplência está totalmente sob controle, pelo contrário. Nunca tivemos um índice tão bom como nós terminamos agora em 2013”, afirmou. Questionada se o fator ocorria em suas lojas, disse: “Não é na minha loja não, é no Brasil. É no varejo brasileiro, eu não estou falando da minha loja, estou falando geral, e te dou índice, e te mostro. A inadimplência diminuiu, eu provo, é estatístico isso, ela não aumentou”.
Sobre o comércio eletrônico, a empresária que comanda cerca de 14 mil funcionários destacou que a Magazine Luiza é “muito forte no virtual” e que a empresa acredita que 56% das pessoas que compram pelo site visitam uma loja física. “Daqui a dez, quinze anos o movimento vai sendo transformado”, diz. Mas garante que “nenhum brasileiro pretende vender seu varejo para a Amazon, com todo respeito que a gente tem pela Amazon”. Ela destacou ainda que “o varejo é o maior gerador de empregos depois do governo” no País.
http://limpinhoecheiroso.com/2014/01/22/com-todo-respeito-dona-luiza-a-do-magazine-defecou-na-cabeca-de-mainardi-em-programa-da-globonews/comment-page-1/#comment-34371
Eu gosto e me divirto com matérias deste tipo, tenho maior
admiração a pessoas que lutam, como empresários(a), artistas, intelectuais , que são otimista e explanam
para a população, fico mais eufórico guando eles quebram protocolos da elite
burguesa, a famosa massa cheirosa com síndrome de vira lata !!!
Wilson Rabelo
Nenhum comentário:
Postar um comentário