Samu na Baixada Fluminense tem um veículo com UTI para cada 300 mil moradores. Para piorar, várias estão paradas
Rio - A probabilidade de o morador da Baixada Fluminense passar no vestibular para o curso de Medicina — foram 104 candidatos para cada vaga na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2011 —, é bem maior do que o enfartado ser atendido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). Na região, que engloba 12 cidades, a exceção de Guapimirim, existe apenas uma unidade dotada de equipamentos de alta complexidade para cada 301.646 mil habitantes.
Rotina em Nova Iguaçu: ambulâncias ficam paradas até que macas retidas em hospitais sejam devolvidas | Foto: Agência O Dia
Segundo o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Baixada Fluminense (Cisbaf), que opera a Central Reguladora do Samu em toda a região, o 192 recebe cerca de 500 chamadas diariamente. “Os casos de demora no atendimento se devem à enorme demanda do serviço, horários de picos e à falta de servidores que devem ser cedidos pelas prefeituras”, explica o coordenador interino da Central, Antônio Dieb, em nota divulgada por sua assessoria.
Para atender a uma população de 3.619.759 pessoas, são apenas 49 ambulâncias, sendo 37 básicas e 12 UTIs móvel, com desfibrilador e monitor cardíaco, ventilador mecânico e oxímetro de pulso, que mede o nível oxigenação do paciente.
Para piorar a situação, o Samu de Nova Iguaçu, responsável pelo atendimento de seus 830 mil habitantes, está há mais de 30 dias com o atendimento sendo feito de forma irregular. Das 10 ambulâncias, somente cinco estão em condições de uso.
Outras três estavam paradas esta semana, com problemas mecânicos, e duas em estado de sucata. Ou seja, existe na cidade apenas uma ambulância do Samu para cada 116.134 habitantes.
Além de não ter ambulâncias em operação, a prefeitura de Nova Iguaçu não está cumprindo o compromisso de fornecer sua cota de pessoal — 13 atendentes e nove médicos —, para trabalhar na Coordenação Regional do prefixo 190, que regula todo o atendimento do Samu na Baixada.
Segundo o Cisbaf, o município só tem liberado oito atendentes e três médicos. A falta desses profissionais compromete o atendimento do Samu em toda a Baixada.
Maca retida em hospital agrava situação
Na segunda-feira, apenas uma ambulância foi liberada para o atendimento pelo Samu de Nova Iguaçu. Outros quatro veículos ficaram o dia todo parados na base da Rua Mira Peres, atrás da Secretaria de Saúde, no bairro Moquetá.
Elas não podiam ser usadas porque suas macas estavam retidas no Hospital da Posse, sendo usadas como leito por pacientes. “Isso é uma rotina”, disse o coordenador, Taurion Ortiz.
As macas só foram devolvidas no fim da tarde. “É um problema que acontece quando levamos um paciente grave à Posse”.
Denúncias investigadas
O diretor do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DenaSUS), Adalberto Fulgêncio, disse esta semana ao que o Ministério da Saúde iniciou uma ação para investigar as denúncias contra o Samu em Nova Iguaçu e toda a Baixada.
Segundo ele, a auditoria vai verificar, entre outras coisas, como são aplicados os recursos federais e porque algumas ambulâncias ficam eventualmente paradas. Os auditores deverão concluir os trabalhos em até 90 dias.
http://odia.ig.com.br/portal/rio/o-dia-baixada/servi%C3%A7o-deficiente-deixa-a-popula%C3%A7%C3%A3o-sem-ambul%C3%A2ncia-1.521237
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