Rio - Morreu, às 21h55 desta quarta-feira, o arquiteto Oscar Niemeyer, de insuficiência respiratória, aos 104 anos. Ele estava internado desde o dia 2 de novembro no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio. O velório será realizado nesta quinta-feira no Palácio do Planalto, em Brasília.
De acordo com a assessoria do hospital, Niemeyer apresentou nesta quarta-feira piora no estado clínico. Ele estava respirando com a ajuda de aparelhos e se encontrava sedado. O arquiteto faria 105 anos no dia 15 de dezembro.
Oscar Niemeyer, orgulho do Brasil
Em 2002, durante assinatura do convênio do projeto Caminho Niemeyer
O governador Sérgio Cabral decretou luto oficial de três dias no estado. "Oscar Niemeyer foi o maior arquiteto do Brasil e um gênio da arquitetura mundial. Doce no trato, firme nas suas convicções e amado pelo povo brasileiro", declarou Cabral, em nota.
O prefeito Eduardo Paes também decretou luto oficial de três dias: "Carioca, ele tinha com o Rio de Janeiro uma relação especial - Niemeyer deu à Cidade Maravilhosa o templo da folia, onde a maior de todas as festas acontece. O Brasil e o mundo perderam hoje um homem que dedicou toda a sua vida a produzir beleza. Ninguém amou viver tanto quanto ele", declarou em nota.
O médico e neurocirurgião Paulo Niemeyer, seu sobrinho, falou sobre os projetos do tio: "O Oscar, depois dessa vida intensa, não resistiu. O que mais falava nos últimos dias era sobre os projetos atrasados. Acho que por isso resistiu tanto. Nos momentos mais difíceis, ele sempre mostrava esperança de ter alta e ir para casa. Hoje de manhã, quando foi sedado, já estava muito fragilizado".
Fernando Gjorup, médico do Niemeyer ha mais de 20 anos, lamentou a morte: "Nos últimos dias ele estava lúcido e conversava normalmente, mas estava muito cansado. A possibilidade de morte sempre existiu, sobretudo pela idade do Niemeyer. Ele surpreendeu a gente em várias situações. Desta vez, infelizmente não. Já havia passado por situações mais graves. Sua mulher dele estava ao lado dele no momento do obito", finalizou.
Foto: João Laet / Agência O Dia
Niemeyer passou 24 dias internado no Hospital Samaritano, em Botafogo, entre setembro e outubro de 2009, com fortes dores abdominais. Na ocasião, o arquiteto foi submetido a duas cirurgias para retirada da vesícula e de um tumor do cólon do intestino. Em 17 de outubro, recebeu alta. Desde o dia 21 de abril de 2010, Niemeyer deu diversas entrevistas sobre a criação de Brasília por ocasião do aniversário de 50 anos da cidade. Numa delas, resumiu a experiência. "Brasília foi uma aventura".
Ícone da cultura brasileira
Oscar Niemeyer Soares Filho nasceu no dia 1907, no Rio. Formou-se em Arquitetura, em 1934, pela Escola Nacional de Belas Artes. Em 1936, integrou a comissão formada para definir os planos da sede do Ministério da Educação, no Rio, sob supervisão de Le Corbusier. Entre 1940 e 1944, projetou, por encomenda do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, o conjunto arquitetônico da Pampulha.
Em 1947, foi convidado pela ONU a participar da comissão encarregada da sede em Nova Iorque. Seu projeto, associado ao de Le Corbusier, é escolhido como base do plano definitivo. Em 1956, iniciou, a convite do presidente da República, JK, colaboração na construção da nova capital, cujo plano urbanístico foi confiado a Lucio Costa. Em 1958, foi nomeado arquiteto-chefe da nova capital e transfere-se para Brasília, onde permaneceu até 1960. Em 1972, abriu um escritório em Paris.
Oscar Niemeyer Soares Filho nasceu no dia 1907, no Rio. Formou-se em Arquitetura, em 1934, pela Escola Nacional de Belas Artes. Em 1936, integrou a comissão formada para definir os planos da sede do Ministério da Educação, no Rio, sob supervisão de Le Corbusier. Entre 1940 e 1944, projetou, por encomenda do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, o conjunto arquitetônico da Pampulha.
Em 1947, foi convidado pela ONU a participar da comissão encarregada da sede em Nova Iorque. Seu projeto, associado ao de Le Corbusier, é escolhido como base do plano definitivo. Em 1956, iniciou, a convite do presidente da República, JK, colaboração na construção da nova capital, cujo plano urbanístico foi confiado a Lucio Costa. Em 1958, foi nomeado arquiteto-chefe da nova capital e transfere-se para Brasília, onde permaneceu até 1960. Em 1972, abriu um escritório em Paris.
Foto: Arquivo
Em 1984, com o projeto do Sambódromo carioca revolucionou o Carnaval. A partir dali, as escolas passaram a ter um palco à altura para se apresentarem. O Museu de Arte Contemporânea (MAC), construído em 1996 em Niterói, foi outro destaque das últimas décadas. Graças a ele, o município, antes totalmente ofuscado pela capital carioca, entrou para o roteiro cultural e turístico internacional.
Autor de extensa obra no Brasil, realiza também grande número de projetos no exterior, como a sede do Partido Comunista Francês, em Paris, 1967; a Universidade de Constantine, na Argélia, 1968; a sede da Editora Mondadori, em Milão, 1968. Recebeu, entre muitas outras homenagens e distinções, a Ordem de Comendador das Artes e Letras e a Medalha de Ouro da Academia de Arquitetura de Paris, 1982; o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de São Paulo, 1995; e o Prêmio Leão de Ouro, na 6ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, 1996.
Em 2003 foi homenageado na Sapucaí no enredo da Vila Isabel. Por ordens médicas, não desfilou, mas acompanhou pela TV e se disse emocionado pois recebera um dos maiores presentes de sua vida. Niemeyer chegou a projetar uma quadra para a escola, mas a ideia não foi posta em prática por falta de dinheiro. Entre seus projetos mais recentes estão o Teatro Raul Cortez, construído em 2006 em Duque de Caxias, o Teatro Popular, erguido em Niterói em 2008 e a estação das barcas de Charitas, também em Niterói.
Artista engajado
A luta política sempre marcou a vida e obra do arquiteto. Em 1945, já um arquiteto conhecido, conheceu Luís Carlos Prestes e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Niemeyer emprestou a Prestes a casa que usava como escritório, para que este montasse o comitê do partido. Sempre foi um forte defensor de sua posição como stalinista. Durante alguns anos da ditadura militar do Brasil autoexilou-se na França.
Autor de extensa obra no Brasil, realiza também grande número de projetos no exterior, como a sede do Partido Comunista Francês, em Paris, 1967; a Universidade de Constantine, na Argélia, 1968; a sede da Editora Mondadori, em Milão, 1968. Recebeu, entre muitas outras homenagens e distinções, a Ordem de Comendador das Artes e Letras e a Medalha de Ouro da Academia de Arquitetura de Paris, 1982; o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de São Paulo, 1995; e o Prêmio Leão de Ouro, na 6ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, 1996.
Em 2003 foi homenageado na Sapucaí no enredo da Vila Isabel. Por ordens médicas, não desfilou, mas acompanhou pela TV e se disse emocionado pois recebera um dos maiores presentes de sua vida. Niemeyer chegou a projetar uma quadra para a escola, mas a ideia não foi posta em prática por falta de dinheiro. Entre seus projetos mais recentes estão o Teatro Raul Cortez, construído em 2006 em Duque de Caxias, o Teatro Popular, erguido em Niterói em 2008 e a estação das barcas de Charitas, também em Niterói.
Artista engajado
A luta política sempre marcou a vida e obra do arquiteto. Em 1945, já um arquiteto conhecido, conheceu Luís Carlos Prestes e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Niemeyer emprestou a Prestes a casa que usava como escritório, para que este montasse o comitê do partido. Sempre foi um forte defensor de sua posição como stalinista. Durante alguns anos da ditadura militar do Brasil autoexilou-se na França.
Em 2007 presenteou Fidel Castro com uma escultura de caráter antiamericano. Em seu discurso de 2007, onde Fidel fala em aposentadoria, fez referência ao amigo Niemeyer. Ao ser eleito em 2002, Lula visitou o arquiteto para lhe agradecer o apoio. Apesar da idade avançada, Niemeyer dava expediente semanalmente em seu escritório na Av. Atlântica, em Copacabana.
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