ITAGUAÍ
Forçando o diálogo, ala petista insiste em tentar invalidar encontros que definiram aliança com PP e o nome de Weslei Pereira como pré-candidato a vice
Wilson Rabelo e Marcos Garcia: esperança em decisão do Diretório Nacional do PT – FOTO FRANCISCO LEÃO
RENATO REIS
Ainda não chegou ao fim a novela sobre a escolha do candidato a vice-prefeito do PT, numa futura composição da chapa com o pré-candidato Saulo Farias (PP) à sucessão municipal em Itaguaí. Com a decisão do Diretório Regional do PT no Rio, de tornar improcedentes os recursos que se opunham à escolha do nome de Weslei Pereira, integrantes do grupo derrotado nos encontros que definiram a posição do partido recorreram ao Diretório Nacional da legenda, em Brasília e à Secretaria de Organização do Diretório Nacional, em São Paulo, na tentativa de provocar a nulidade da decisão tomada no Rio. “Diante da tentativa de acomodação, encaminhamos os mesmos recursos, acrescidos da informação sobre a inoperância do Diretório Estadual do PT em apreciar o mérito das argumentações”, acentua Marcos Garcia, com a aprovação de Wilson Rabelo, que lideram o grupo dos descontentes.
Nos documentos que enviaram ao presidente nacional do PT, Ruy Falcão, e ao secretário nacional de organização, Paulo Frateschi, Marcos Garcia e Wilson Rabelo reproduzem denúncias do que consideram desrespeito ao estatuto do partido, condenando, por exemplo, a votação de 10h às 14h, horário respeitado no primeiro encontro, o que, segundo eles, contraria o regulamento do PT, que estabelece o período de 9h às 17h. Eles apontam também irregularidade no processo de votação, que não foi secreto, como determina o documento nacional. A expectativa de ambos é que seus recursos sejam julgados procedentes a tempo de serem organizados novos encontros de definição. “Esperamos um julgamento embasado no estatuto, no código de ética e nas resoluções aprovadas no Diretório Nacional, um julgamento isento de influências parlamentares e de qualquer comprometimento”, diz Marcos Garcia.
Entrevista explosiva
A entrevista que o pré-candidato Weslei Pereira concedeu ao ATUAL na quinta-feira (17), em que manifestou o desejo de levar à Comissão de Ética os nomes de Marcos Garcia e Wilson Rabelo, provocou a revolta de ambos, que consideraram a afirmação inoportuna. “Era um momento de conciliar as coisas e, não, de querer apagar fogo com gasolina”, pondera Wilson Rabelo. “Não há fundamento para irmos à Comissão de Ética, pois o pedido terá que estar municiado dos fatos que provem que cometemos ilícito reprovado pelo estatuto do partido”, reforça Marcos Garcia.
Diante das argumentações de Marcos e Wilson fica claro que o grupo vencido quer um espaço que a derrota parece ter dilapidado em parte. “O partido ainda não tomou decisão alguma. Não há nada definitivo. A partir do momento que isso ocorrer, aí sim, poderiam pedir Comissão de Ética se nós estivéssemos contra o que ficou decidido”, argumenta Marcos Garcia. “Vivemos um momento em que o governo do PT e da presidente Dilma dá oportunidade às minorias, que não estão sendo excluídas. Por isso estranho que um companheiro com tanto conhecimento venha colocar isso num meio de comunicação”, condena Wilson Rabelo.
Polêmica interna
Apesar do barulho, Garcia e Rabelo se empenham em afirmar que o movimento liderado por eles não é relacionado à aliança com o pré-candidato do PP, Saulo Farias. “Quando se discute dentro do regulamento é mais fácil entrar em consenso”, argumenta Rabelo, evidenciando divergências internas, mas sinalizando a possibilidade de entendimento. “Estamos em defesa do que preconiza o estatuto do partido, discutindo politicamente o que está errado. Se ele acha que está certo que me prove”, acentua Garcia, concordando com Rabelo, demonstrando o desconforto que as palavras de Weslei causou no grupo. “A minoria que o cidadão cita são 85 votos. Ao adquirir direitos, a maioria não pode cercear a palavra da maioria”, lembram, sem deixar de alfinetar os adversários. “Se tivéssemos perdido de forma limpa…”, concluem.
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