Partidos mudam de nome para vender velhacaria como novidade. Por Donato
Distritão, com todo o respeito, só no Afeganistão. Por Hayle Gadelha
Alguns dos nossos políticos têm como regra geral que, na política, é sempre possível piorar aquilo que já é muito ruim. Isso fica bem claro com a aprovação, na comissão da reforma política da Câmara, do sistema conhecido como “Distritão” para eleger nossos parlamentares.
É o sistema menos usado no mundo, em apenas quatro países (Afeganistão, Jordânia, Vanuatu e Pitcairn), que representam 0,5% da população mundial. É sem dúvida o pior de todos os sistemas eleitorais (com o respeito a esse meio por cento de eleitores). É o sistema que mais anula os partidos políticos, dando força total a cada deputado eleito – e, principalmente, poderá contribuir para alimentar a roubalheira que tomou conta do país. Tudo se resume a isso: roubo associado à destruição da representação política do povo, a essência do Golpe.
Bem ou mal, os partidos (falo só dos partidos sérios, criados sem a intenção de “se dar bem”) resumem muito bem o espectro político da população. O fortalecimento desses partidos é muito importante para combater o fisiologismo. É verdade que temos partidos além do necessário, bastariam uns 15, por exemplo. (É verdade também que nos Estados Unidos, por exemplo, existem mais de 70 partidos, mas são apenas 2 que têm de fato representatividade nacional.)
O voto na lista partidária significaria grande avanço na democracia, mas seria importante também a ampliação do financiamento público das campanhas políticas. Assim como o Governo Federal já financia inteiramente a transmissão por rádio e TV da propaganda eleitoral, seria fundamental que também financiasse a produção do material de propaganda – porque no final sairia bem mais barato para o contribuinte. Quer melhor exemplo do que essa onda de delações premiadas onde vemos fortunas sendo desviadas dos cofres públicos em função de “contribuições” para campanhas eleitorais? Com o financiamento público, os candidatos/partidos teriam suas campanhas e não teriam que se comprometer em pagar depois de eleitos.
Mas o que está por trás de tudo isso, além da evidente manutenção da “boquinha” política, é a perpetuação do golpe – algo que temos muito o que temer…
http://www.tijolaco.com.br/blog/distritao-com-todo-o-respeito-so-no-afeganistao-por-hayle-gadelha/
As milionárias consultorias de Meirelles
Rubem Valente, na Folha, traz mais uma daquelas revelações que, por se tratar de gente querida pelo mercado, jamais virá ao caso:
Um ex-cliente da empresa de consultoria que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, manteve até assumir o cargo controla uma companhia que tem negócios milionários com o governo federal.
Gerida pelo fundo de investimentos americano KKR, a Aceco recebeu R$ 635 milhões de órgãos federais de 2007 a 2017, em valores não atualizados, por serviços de armazenagem de dados e salas-cofre de computadores.
A Aceco presta serviços para o Exército, agências reguladoras e hospitais, além de órgãos do Legislativo. Foi o primeiro e até agora é o único investimento feito no Brasil pelo KKR, que tem ativos avaliados em US$ 39 bilhões.(…)
Gerida pelo fundo de investimentos americano KKR, a Aceco recebeu R$ 635 milhões de órgãos federais de 2007 a 2017, em valores não atualizados, por serviços de armazenagem de dados e salas-cofre de computadores.
A Aceco presta serviços para o Exército, agências reguladoras e hospitais, além de órgãos do Legislativo. Foi o primeiro e até agora é o único investimento feito no Brasil pelo KKR, que tem ativos avaliados em US$ 39 bilhões.(…)
Em nota, a assessoria de Meirelles no Ministério da Fazenda afirmou que o ministro “não foi executivo da empresa [Aceco] e, portanto, não participou de nenhuma atividade operacional”. Segundo o ministério, a HM&A (a empresa de Meirelles) tinha contrato para “organizar a implantação do KKR no Brasil, com análise do mercado local, evolução do mercado de private equity no país e plano estratégico”. O ministro não esclareceu quanto recebeu do fundo, alegando sigilo fiscal.
O KKR é um polêmico grupo norte-americano, criado pelos primos Henry Kravis e George Roberts e que, segundo o Wall Street Journal,em 2014, possuía “93 empresas em seu portfólio de private equity, representando uma ampla gama de indústrias”.
Que, apesar disso, era uma parte menor de seus negócios. A maior parte da renda vinha de sua “unidade de mercados públicos oferece investimentos em empréstimos alavancados e outras estratégias de crédito, patrimônio e fundos de hedge, enquanto a divisão de mercados de capitais organiza financiamento de dívida e patrimônio para transações, subscreve ofertas de valores mobiliários e fornece conselhos”.
Portanto, mercado financeiro, aquele que faz fortuna a partir do nada. Ou das políticas econômicas adotadas por países entregues aos “market men“.
Eles não têm de prestar contas de nada, são insuspeitos e honestos apenas porque gostam de ganhar centenas de milhões.
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