Animados com a possibilidade do impeachment da presidenta Dilma, alguns tucaninhos começam a abrir o bico e a revelar as verdadeiras razões deste golpe. Em artigo publicado na Folha desta quinta-feira (17), a economista Elena Landau, que foi apelidada de “musa das privatizações” durante o triste reinado de FHC, escancara os interesses que movem esta conspiração. Para ela, “é hora de privatizar” – de preferência, entregando o patrimônio público e as riquezas nacionais para o capital estrangeiro.
A entreguista Elena Landau, conhecida por seu doentio complexo de vira-lata, teve papel de destaque no criminoso processo da “privataria tucana” – tão bem descrito no livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr.. Ela foi assessora da presidência do BNDES e diretora do “Programa Nacional de Desestatização” do governo FHC. Ela faz parte do grupo de economistas ultraneoliberais da PUC-RJ, que tem entre os seus expoentes figuras como Armínio Fraga, Pérsio Arida, Gustavo Franco e André Lara Resende. Ela também tem sólidas ligações com o império, tendo estudado no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), um antro mundial das teses destrutivas e regressivas do neoliberalismo.
Com este currículo, Elena Landau tornou-se a musa dos tucanos e porta-voz dos interesses de rapina das corporações estrangeiras. A partir da vitória de Lula, em outubro de 2002, a economista caiu no ostracismo e passou a cuidar dos seus negócios. Só voltava à tona nas campanhas eleitorais, ajudando na elaboração dos programas dos candidatos derrotados do PSDB – José Serra, Geraldo Alckmin e, no ano passado, do cambaleante Aécio Neves. A Folha tucana, sempre tão generosa, até garantiu um palanque para a economista neoliberal, mas sem maior repercussão. Agora, com a ofensiva golpista pelo impeachment de Dilma, Elena Landau adquire novamente “prestígio”.
No artigo intitulado “É hora de privatizar”, ela demonstra que mantém o bico tucano afiado. Do seu palanque, ela critica o pacote fiscal apresentado nesta semana pelo governo federal. Ele seria muito tímido. “Os ajustes propostos não atacam erros fundamentais que levaram ao descalabro nas contas, entre eles o gigantismo do Estado, e pouco avança neste campo. A privatização não foi mencionada uma vez sequer”. Para ela, “a privatização é parte da solução dessa crise. Ela não depende, na maioria dos casos, de apoio do Legislativo. Apenas da vontade política do Poder Executivo”.
Após passar um período de esquecimento, ela até tenta se jactar dos seus feitos no desastroso reinado de FHC. Vaidosa, ela se gaba do “sucesso” do Programa Nacional de Desestatização. Só não diz que parte do patrimônio público foi vendida a preço de banana – é só lembrar da entrega da Vale – e que, mesmo assim, o país ficou de joelhos por três vezes diante do FMI e quase quebrou totalmente. FHC e Landau, entre outros privatistas e entreguistas, foram escorraçados do governo pelo voto popular. Agora, eles desejam voltar ao poder através de um golpe para concluir o serviço sujo da privatização.
“A crise abre oportunidade para nova rodada de privatizações… A lista de ativos federais, estaduais e municipais a serem vendidos pode e deve ser ampliada. Há oportunidades na área de distribuição de gás, transportes e saneamento. A quantidade de empresas e o montante de recursos a serem arrecadados é grande. Some-se ainda o plano de desinvestimento da Petrobras e os valores duplicam. O PND (Plano Nacional de Desestatização) precisa sair de sua longa hibernação e o BNDES deve recuperar sua vocação para coordenar o projeto de desestatização nacional, com lei específica e regras claras. A gravidade da crise não permite tergiversação”, conclui a economista neoliberal.
Altamiro Borges é responsável pelo “Blog do Miro

Ué, por que só agora? Eu sempre soube que o PSDB era corrupto!

Desde FHC, José Serra, Mário Covas, Cássio Cunha Lima, Yeda Crusius. Todos farinha do mesmo saco. Será que não lembram mais o que foram os oito anos de roubalheira, em que até a reeleição foi comprada por duzentos reais ao voto. E aquelas gravações no “limite da irresponsabilidade”, na privatização da EMBRATEL em que agora os EUA usam pra nos grampear, como denunciou Edward Snowden? Sem falar no conluio da Globo com FHC para esconderem na Espanha Miriam Dutra e o filho que seria de FHC mas os filhos da D. Ruth Cardoso provaram, com exames de DNA, que era só filho da mãe, sem que os grupos mafiomidiáticos tenham dado um pio sobre isso. Ah! se fosse o Lula!

Veríssimo: pela 1ª vez, a imprensa não tem dois sistemas métricos

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Escritor se surpreende com repercussão do caso do propinoduto tucano em São Paulo na grande imprensa, história que desconfiou que iria para o mesmo "pântano silencioso" que engoliu, por exemplo, o mensalão de Minas; "Já se começava a desconfiar que o Brasil, onde inventam tanta novidade, tinha adotado, definitivamente, dois sistemas métricos diferentes", escreve Luís Fernando Veríssimo
8 de Agosto de 2013 às 10:50
247 – A repercussão na grande imprensa do caso de cartel e superfaturamento nas obras do metrô e trens em São Paulo, envolvendo políticos do PSDB, surpreendeu o escritor e jornalista Luís Fernando Veríssimo. Em sua coluna no jornal O Globo desta quinta-feira 8, ele admite que, quando viu a capa da revista IstoÉ, achou que a história iria para um "pântano silencioso". Mas pela primeira vez, parece que a mídia não tem adotado dois sistemas métricos diferentes.
Leia seu artigo:
Lóbi irresistível
Devo um pedido de desculpas à grande imprensa nacional. Me desculpe, grande imprensa nacional. Quando li a matéria da "IstoÉ" sobre o cartel consentido formado em São Paulo para a construção de linhas de trem e metrô sob sucessivos governos do PSDB e as suspeitas de um propinoduto favorecendo o partido, comentei com meus botões (que não responderam porque não falam com qualquer um): essa história vai para o mesmo pântano silencioso que já engoliu, sem deixar vestígios, a história do mensalão de Minas, precursor do mensalão do PT. E não é que eu estava enganado? A matéria vem repercutindo em toda a grande imprensa. Com variáveis graus de intensidade, é verdade, em relação ao tamanho do escândalo, mas repercutindo. Viva, pois, a nossa grande imprensa. Já se começava a desconfiar que o Brasil, onde inventam tanta novidade, tinha adotado, definitivamente, dois sistemas métricos diferentes.
A propósito, ou mais ou menos a propósito, li na revista "The Nation" que só a Associação de Banqueiros Americanos tem noventa e um lobistas em Washington defendendo os interesses dos bancos e lutando para revogar a regulamentação do setor aprovada no Congresso, recentemente. Isto sem falar em outras associações de banqueiros e nos próprios gigantes financeiros, como o Goldman Sachs (cinquenta e um lobistas) e o JP Morgan (sessenta lobistas). O cálculo é que existam seis lobistas do sistema financeiro para cada congressista americano. Os bancos querem derrotar a regulamentação e evitar as reformas para continuar as práticas, vizinhas do estelionato, que provocaram a grande crise de 2008 e continuam a lhes dar lucros obscenos enquanto o resto da economia derrapa. O lóbi é uma atividade legítima, ou ao menos uma deformação legitimada pelo uso. A questão é saber quando a presença de mil e tantos lobistas em torno de um Congresso deixa de ser uma pressão e se transforma num cerco. E como se pode falar em democracia representativa quando o poder do voto é substituído pelo poder de persuasão de seis lobistas, três em cada ouvido, prometendo presentinhos para a patroa?
O que tudo isso tem a ver com o cartel em São Paulo? Nada, a não ser que, talvez, sirva de consolo para quem sucumbiu ao encanto de muito dinheiro, levado pelo lóbi mais irresistível que existe, o da cobiça. Mesmo sendo daquele tipo de pessoa sobre o qual não se pode dizer que também é corrupto sem ouvir um "Quem diria…"