sábado, 15 de agosto de 2015

O protesto de domingo morreu antes de nascer. Por Paulo Nogueira

O protesto de domingo morreu, tecnicamente, antes de nascer.
A causa mortis foi a NOG, a Nova Ordem da Globo, aquela que tira formalmente o apoio ao golpe.
A Globo nunca entra num jogo se pode perder. Ela apoiou os golpistas de 64 porque a vitória era certa, garantida pelos militares e pelos americanos.
Agora, não. Ficou claro, depois de oito meses de desestabilização, que um golpe conflagraria o país, e os resultados para ela, Globo, poderiam ser catastróficos.
Tudo isso posto, significa que os idiotas úteis que vestiam camisas da CBF e iam para as ruas pedir a cabeça de Dilma se transformaram em idiotas inúteis.
Como foram artificialmente erguidos e promovidos, agora serão devolvidos a seu devido lugar.
Como esquecer o protesto de fevereiro, quando a Globo News anunciava a todo instante o número brutalmente mentiroso de participantes passado pela polícia de Alckmin?
Aquela era, aspas, e pausa para gargalhadas, a “festa da família brasileira”.
Um diretor da Globo chegou a convocar publicamente, no Facebook, as pessoas a irem para a rua para derrubar Dilma e seus 54 milhões de votos. (Um dos argumentos desse diretor era uma denúncia que ele lera, logo onde, na Veja, a maior fábrica de infâmias e mentiras da história da imprensa brasileira.)
Novas circunstâncias, nova cobertura.
Os protestos tenderão a ser coisa de lunáticos, gente como Lobão, Kim Kataguiri, Reinaldo Azevedo, Batman do Leblon, Bolsonaro e, à distância, Olavo de Carvalho.
Será o retorno à razão.
Você quer trocar o governo? A cada quatro anos há eleições exatamente para isso.
Democracia é assim.
Tirar um presidente eleito antes disso com base em uma centena de pretextos que se superam em cinismo e desonestidade é coisa de República das Bananas.
A revista America’s Quartely, que reflete o pensamento da elite de Washington, colocou isso exemplarmente num artigo poucos dias atrás.
Um golpe devolveria o Brasil a um triste passado em que a vontade do povo era atropelada.
E acabaria com a ideia, abraçada pelo mundo civilizado, de que emergiu no país, depois dos militares, um “novo respeito” pelas urnas.
A AQ falou também o óbvio. Caso vingue um impeachment absurdo e forçado como este, todo presidente brasileiro, daqui por diante, governará sob a sombra sinistra de ser removido a qualquer momento a despeito de vencer as eleições.
Quem quer isso?
Nem a Globo, depois de enxergar a realidade.
Só os analfabetos políticos que irão às ruas neste domingo, vestidos em seu uniforme da corrompidíssima CBF.
Para eles, o holofote se foi, e sem isso não são rigorosamente nada senão, repito, idiotas inúteis.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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