Secretária e ocupantes divergem sobre administração do local.
Grupo poderá continuar no prédio até próxima reunião, no sábado (10).
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O governo do Estado e os indígenas que voltaram, nesta segunda-feira (5), a ocupar o antigo prédio do Museu do Índio, no Maracanã, não chegaram a um consenso sobre a administração do prédio na reunião que tomou toda a tarde desta terça-feira (6). Um novo encontro foi marcado para as 11h deste sábado (10), com as lideranças das 21 etnias indígenas que estiveram na reunião.
Em meio à reunião e a secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes, dentro do antigo Museu do Índio, a presença de 150 policiais nas proximidades do prédio deixou o clima tenso.
A justificativa seria a denúncia de um protesto do grupo Black Bloc, que fecharia a Avenida Radial Oeste, no Maracanã. A secretária, ao saber da presença dos policiais, saiu da reunião e disse que" o secretário de segurança garantiu que os policiais sairiam daqui". Ao conversar com o Tenente Coronel Mauro Andrade, comandante do Grupamento de Policiamento de Multidões, este garantiu que sairia do local para acalmar o clima no local, já tenso pelos boatos de que a polícia militar invadiria o prédio.
"O secretário não sabia da presença da polícia e pediu que eles saíssem imediatamente. Nosso objetivo é o diálogo, e isso vai acontecer a cada dia enquanto não chegarmos a um consenso", disse a secretária.
O consenso, porém, não aconteceu com relação aos indígenas passarem a noite no local. A secretária disse que não quer que os indígenas tenham o prédio como local de moradia ; Aarão Guajajara, um dos líderes do grupo, convocou o que ele chamou de "Tribunal das ruas" para ocupar o espaço do antigo Museu do Índio."Eles podem realizar rituais, mas a médio e longo prazo eles não poderiam dormiraqui. Mas isso é um processo em construção", disse a secretária, que garantiu que as pessoas poderão dormir no local até a data. "E depois disso até. Mas tudo isso será definido" disse a secretária.
Adriana também ressaltou que o prédio está em processo de tombamento pelo Iepac(Instituto estadual do patrimônico artístico e cultural), e que o documento deve ser assinado em breve pelo governador Sérgio Cabral.
Termos
Há dois modelos de gestão propostos pelo governo do Estado aos indígenas: uma terceirizacão, através de uma organização escolhida pelos índios. O termo de concessão de uso seria dado até 2020.
Há dois modelos de gestão propostos pelo governo do Estado aos indígenas: uma terceirizacão, através de uma organização escolhida pelos índios. O termo de concessão de uso seria dado até 2020.
A segunda proposta é a criação de uma Organização Social que seria fundada pelo Governo do Estado, que se juntaria com outras organizações, para gerir o centro cultural de referência indígena, que é chamado pelos indígenas de Projeto Criam(Centro de Referência indígena da Aldeia Maracanã), que englobaria também uma Universidade Indígena. Há ainda a proposta de criação de um Conselho Administrativo com todas as etnias presentes e representantes da causa indígena.
Alguns representantes indígenas, como Aarão , agradeceram o diálogo do governo com os indígenas e apoiadores."O Rio tem muito a ganhar. Queremos que esse centro seja referência para os nossos filhos" disse ele. Já outros, como Yandú, disse que não acredita nas propostas do governo e quer uma resposta rápida para a situação do espaço. Entre diferentes opiniões, ficou a expectativa pela reunião de sábado.
Sem dissidências
O evento reuniu o grupo de resistência que ficou no antigo Museu do Índio até seus últimos dias, em abril de 2013, e os índios que haviam aceitado a oferta do Governo do Estado de um terreno na antiga colônia de Curupaiti, em Jacarepaguá.
O evento reuniu o grupo de resistência que ficou no antigo Museu do Índio até seus últimos dias, em abril de 2013, e os índios que haviam aceitado a oferta do Governo do Estado de um terreno na antiga colônia de Curupaiti, em Jacarepaguá.
Os dois grupos, na época em que ambos estavam no antigo Museu do Índio, tiveram inúmeros desentendimentos, culminando na dissidência e separação dos grupos. O motivo foi um destes grupos ter aceitado a proposta de ir para um hotel no centro e depois para a colônia de Curupaiti, em Jacarepaguá. Apesar do possível clima de tensão, os dois grupos se juntaram pacificamente e realizaram um ritual de dança e canto para comemorar a retomada do Antigo Museu do Índio. "Essas diferenças têm que ficar para trás", disse Afonso Apurinã, que estava acampado em Jacarepaguá.
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