EXCLUSIVO
Por Jorge Luiz Lopes
Dirigente afirma que os desmandos e a falta de organização já começaram na prefeitura, com o atual governo.
Nesta quarta-feira (27/2), o Instituto Limpa Geral, que começou no ano passado como um dos fortes movimentos populares contra o que consideravam desmandos do governo Charlinho (prefeito Carlo Bussato Júnior) e da Câmara dos Vereadores, assinará o livro de Ata, de criação da entidade, em uma cerimônia simples a ser realizada, a partir das 20hs, no restaurante Nova Brescia, no Centro de Itaguaí.
No cerne de sua criação, segundo o presidente do instituto, sindicalista de entidades ligadas ao setor pesqueiro da região, Marcos Garcia, está o descontentamento com o prefeito Luciano Mota, que teria traído o PT, ao afastar o partido que lhe dara sustentabilidade social. Segundo o dirigente, Luciano não tem mais relações com o vice-prefeito, Whesley do Banco do Brasil, que está isolado dentro da prefeitura, apesar de aparecerem juntos, como se nada tivesse acontecido, em ocasiões solenes, como o da Câmara recentemente.
Na sua opinião, Luciano teria cometido “estelionato político” com aqueles que ajudaram na sua eleição: ” Luciano decepcionou demais, não pelo rompimento com o PT, mas por que ele não teve apreço com a palavra empenhada”, desabafou Marcos Garcia, que é secretário-executivo do Partido dos Trabalhadores, da presidente da República Dima Rousseff.
O prefeito de Itaguaí teria ignorado o apoio que recebeu em sua campanha, provocando visão crítica entre aqueles que o ajudaram, desde o primeiro dia de governo. ” Ele deveria ter montado um governo paralelo, logo depois das eleições. É mentira quando diz que assumiu no escuro, por que, trabalhando dessa maneira, ele ficaria sabendo dos repasses feitos pelo governo federal e estadual”, questiona o sindicalista, que criticou, a entrevista feita por Luciano Mota à Revista I+Informação, quando o chefe do Executivo municipal afirma que irá desmembrar as secretarias que acumulam funções, como a da Agricultura, Pesca e Meio Ambiente.
“A idéia do desmembrado é nossa, é minha, que ele já sabia. Não é nada novo”, frisa Marcos Garcia, que volta a acusar: ” O desmando e a falta de organização já começaram na prefeitura”.
Entrevista: Marcos Garcia, presidente do Instituto Limpa Geral.
Revista: Qual a sua avaliação do governo Luciano Mota? O Sr. acha que ele está com a desculpa de não ter uma visão do todo?
Marcos Garcia: Eu acho que ele deveria ter montado um governo paralelo, desde o dia seguinte (o da eleição de outubro de 2012), uma vez que o governo Charlinho não se propôs a ceder um espaço democrático, com um grupo de trabalho que construísse uma transição de forma que houvesse uma continuidade. Ele não construir esse governo paralelo, já com os seu possível staff, seus secretários. Aquela visão de que ele teria de continuidade de governo, não construiu, deveria ter construído.. Ele preferiu comemorar, doar brinquedos, preferiu fazer festas em boate, cantar.
Esse rompimento com o PT, invalida um pouco ou não?
Dificulta, dificulta muito a continuidade do governo dele em função desse rompimento, porque estamos falando de governo federal. Não estamos falando de PT. Aquilo que é legal, que é determinado por lei, se houver a prestação de contas como determina a lei, junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), das verbas federais que entram no município, ele vai continuar recebendo. Aquelas carimbadas. Agora, projetos que são fundamentalmente políticos, para se construir uma cidade melhor, esse ele não vai encontrar boa vontade dentro do governo federal. Uma vez que ele já demonstrou ser um mandatário que não cumpre a palavra empenhada, quando teve com o Lindberg (senador Lindberg Farias), com a Benedita (senadora Benedita da Silva), quando esteve com outros membros do PT da direção nacional, da direção estadual, da direção municipal. E o grupo do PT que o acompanhou e o ajudou a se eleger.
Como assim?
Ele não cumpriu não só com o grupo de Itaguaí, não cumpriu a palavra empenhada com o grupo no estado. Eu já vi até entrevista dele dizendo que teve de romper por que era uma quadrilha. Se ele acha que é uma quadrilha, mas depois que usou essa quadrilha para se eleger? O PT não é uma quadrilha. O PT estará, a partir de 2014, há 16 anos no poder do país com os dois presidentes da República que tiveram o maior índice de popularidade. Ninguém bate a popularidade do governo Lula. Talvez o governo Dilma chegue perto. Já deixamos de falar de um ex-presidente: estamos falando de um mito, do maior presidente que esse país já teve. Ninguém consegue mentir ou enganar o tempo todo.
Isso, o Sr. acha que está acontecendo com Luciano Mota?
Eu acho que ele é um garoto. Acho que teria um futuro brilhante na política. Poderia chegar longe. Ele pegou uma cidade que tem um orçamento espantoso. Poderia ter feito um trabalho maravilhoso nessa cidade. Poderia crescer politicamente. Almejar cargos públicos como o governo do estado, quem sabe até presidente da República. É uma garoto novo, tem 30 anos, que é a idade da minha filha. Ele poderia ser meu filho. Agora, o que eu vejo é que ele permitiu que essa imaturidade falasse mais alto do que a responsabilidade de governar.
O Sr. acha que a população já está se decepcionando com ele?
Eu tenho visto isso, pois participo de muitos grupos de discussão política em facebooks, em blogs e etc., da cidade, e tenho visto essa insatisfação da população. De arrependimento de ter votado nele. Eu acho que ele tinha tudo para ser um governo maravilhoso porque ele fez o mais difícil. O mais difícil ele fez, que foi o de derrotar um gigante. Temos que reconhecer que o Charlinho, apesar de eu ser crítico durante oito anos ao governo dele, o ex-prefeito é um monstro da estratégia, um monstro político. Derrotá-lo é a coisa mais difícil que existe. E com garra, determinação, com inteligência, com pouca gente. O grupo era pequeno, mas inteligente, aguerrido, que montou uma estratégia, que buscou a vitória a todo custo e deu a vitória a ele. Não foi uma vitoriazinha: ele ganhou com uma diferença de 8 mil votos. Isto não é pouca coisa. E ele (Luciano Mota) não reconheceu o trabalho desse grupo que o levou ao poder. Este foi o primeiro sinal de que ele não faria um bom governo.
E agora o instituto, como é que ele vai agir? Vai cobrar mais intensamente desse governo?
Esse papel de cobrança tem que ser divido em duas situações: uma, o Marcos é um ativista político, ativista sindical, envolvido com diversos movimentos sociais, com diversas instituições dentro do Brasil e fora do país, como a Anistia Internacional , entre outras; é um filiado do PT, mas que agora é presidente do Instituto Limpa Geral. O Limpa Geral tem o seguinte objetivo: combate à corrupção dentro do poder público, seja dentro do Executivo ou dentro do Legislativo; propagar a moral e a ética na condução da coisa pública; instruir a população, politizar a população. É nesse rumo, é nesse norte que nós iremos caminhar. Independente dos posicionamentos. A coisa não é partidária. É ideológica, não partidária.
Então o Luciano tem tudo para acabar mal politicamente?
Eu acredito que dessa forma ele não irá chegar muito longe. Se ele demonstrou já de não tter suporte, acredito até que psicológico, para carregar o peso do poder. O poder é pesado. E tem que ser homem e não criança para que, na hora que alguém dar um soco na mesa, ele dará um soco maior e dirá que quem manda é ele. Ele não tem isso. Ele não tem essa disposição. Se conseguir chegar até o final de governo, vai ser um governo fraco, sem poder político; governo sem opinião. Um governo que não conseguiu convencer a população de que é bom, de que pode ser renovado. Então, se ele chegar ao final do primeiro mandato, duvido muito, sou capaz de apostar, que ele não renova o mandato.
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