247 – Brasília vai ferver nesta quarta-feira 21. Além de pedir ao Conselho Nacional do Ministério Público que investigue o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI do caso Cachoeira, guardou uma informação bombástica para a reta final da comissão: ele também vai propor o indiciamento do jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal da revista Veja, em Brasília.
A informação foi confirmada ao 247 por integrante da comissão e fará o clima esquentar no Congresso. Parlamentares da oposição, como o senador Álvaro Dias, tentam impedir que a leitura do relatório seja feita nesta quarta-feira.
Chamado de “caneta” por integrantes da quadrilha, Policarpo comandou diversas reportagens de Veja feitas a partir de grampos clandestinos produzidos pela quadrilha do bicheiro. Para se defender da ligação íntima e comprovada entre a revista e um contraventor, o diretor Eurípedes Alcântara, publicou um manual de ética em que defendia a parceria com criminosos, desde que essa ligação atendesse ao interesse público – e não da fonte criminosa. No entanto, diversas reportagens publicadas em Veja atendiam aos interesses diretos de Cachoeira, como as que trataram da derrubada de integrantes do Ministério dos Transportes – onde a empreiteira Delta, de Fernando Cavendish, enfrentava dificuldades.
Segundo o relator da CPI, o esquema de Cachoeira não teria o mesmo êxito se não contasse com um braço midiático tão poderoso. De Veja, pode-se aguardar a resposta padrão: o pedido de indiciamento de Policarpo será uma retaliação do PT à revista, diante do papel exercido pela publicação – e pela imprensa livre – no combate à corrupção.
Os próximos capítulos tendem a ser ainda mais quentes. Até porque Roberto Gurgel é suspeito de vazar para a própria Veja um depoimento secreto de Marcos Valério contra o ex-presidente Lula.
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