Dilma Rousseff pode e deve ser criticada por suas vacilações, pelos erros cometidos na condução da política econômica, pelos desvios na montagem política. Pretender retratá-la como ignorante ou débil mental, só à custa de muita seletividade de frases e de muita frase fora do contexto.
Sua entrevista ao Valor Econômico de hoje mostra uma pessoa articulada, de muito melhor nível intelectual - para a economia - do que qualquer jornalista em atividade. Mesmo suas indecisões exigem um grau de entendimento das variáveis em jogo muito mais complexo do que pode supor esse jornalismo vão, de manchetes e lides, de bordões e certezas típicas dos ignorantes.
Não absolve em nada seus erros. Mas quem não tem nível para entender os erros, sempre haverá de mostrar seu brilho de abajur lilás rindo às escâncaras com suas frases - aquele riso kkkk, similar aos dos muares admirando o pasto.
Do Valor
O caminho para a retomada do crescimento, para a presidente Dilma Rousseff, será dado pela queda da inflação, pela recuperação das exportações a partir da maxidesvalorização cambial e pela retomada dos investimentos. Com isso, o crédito vai voltar e o consumo também.
Em entrevista antecipada ontem pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, Dilma informou que nas próximas semanas enviará ao Congresso Nacional medidas de aumento de impostos, que considera imprescindíveis, e , também, propostas de mudanças legais para viabilizar o enxugamento de despesas obrigatórias. Para ela, a meta fiscal para 2016 é de um superávit primário de 0,7% do PIB. A realidade é um déficit de 0,5% do PIB. Tratase de um ajuste, portanto, de R$ 64 bilhões, sendo que 90,5% do Orçamento é não contingenciável. “Como contingenciar R$ 64 bilhões?”, questionou a presidente.
Aumentar os impostos, portanto, é parte da solução e Dilma prefere que seja uma elevação de um tributo com data para acabar fixada em lei. Qual, ainda não está decidido, mas avalia que o aumento da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) sobre combustíveis não é uma medida suficiente e traz forte impacto inflacionário.
A presidente admite que aplicou por um período de tempo excessivo uma política anticíclica agressiva, mas reiterou que só em novembro de 2014 é que ficou muito claro o fim do ciclo das commodities.
Sobre as divergências entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, ou, dito de outra forma, sobre a distância entre a ortodoxia e o desenvolvimentismo, Dilma disse que considera esse um falso problemas. “Estou em uma fase confucionista e prefiro o caminho do meio.” A seguir, leia a íntegra da entrevista, concedida pela presidente pouco antes do rebaixamento do rating soberano do país pela Standard & Poor´s. Após ser informada da decisão da agência, Dilma voltou a falar com o Valor e reforçou seu compromisso com a meta fiscal.
http://jornalggn.com.br/noticia/a-entrevista-de-dilma-ao-valor
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