'O bem prevaleceu', diz padre que pediu redução salarial de vereadores Após discurso em missa, vereadores pediam a saída do padre da cidade. Moradores de Mauá da Serra pressionaram Legislativo a desistir do pedido.

Luciane CordeiroDo G1 PR

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Padre Aparecido Porto de Jesus comemora a
criação de projeto de lei que reduz os salários
dos vereadores (Foto: Reprodução RPC)

Há três semanas o padre Aparecido Porto de Jesus de Mauá da Serra, no norte do Paraná, não esperava que um discurso durante uma missa de sábado pudesse provocar mudanças significativas no município. Ao pedir que os vereadores seguissem o exemplo de Santo Antônio da Platina e reduzissem os próprios salários, o pároco enfrentou a fúria do Legislativo, mas também ganhou o apoio da população. Com a criação de um projeto de lei que reduz os subsídios dos parlamentares para a próxima legislatura na sessão de segunda-feira (17), o religioso só tem o que comemorar. “O bem prevaleceu. Isso me conforta, me deixa tranquilo”, diz.

A fala do padre Porto de Jesus incomodou tanto que os vereadores chegaram a pedir uma reunião particular com o Bispo para que o pároco fosse transferido de cidade. Os parlamentares alegaram que Porto não poderia realizar discursos políticos durante a missa. Essa atitude revoltou os moradores, que lotaram a Câmara em favor do padre. Após pressão popular, o Legislativo Municipal desistiu de pedir a saída do religioso do município.

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“Esse tipo de discurso é utilizado pelos políticos para iludir a população, porque no fundo eles só olham para o próprio bolso, não pensam no bem comum. Mas, o povo é inteligente, está atento as principais demandas e exigindo que boas atitudes sejam tomadas pelos representantes municipais. Felizmente o povo está acordando”, argumenta o padre Porto de Jesus.

Uma vitória para colocar no histórico do padre que vigia o Legislativo e o Executivo de perto. 

O padre Porto assumiu a Paróquia São Pedro Apóstolo há nove anos e desde então batalha para que os interesses da população sejam respeitados. Há três anos, os vereadores reduziram o índice de reajuste salarial porque o padre comprovou que o reajuste de 75%, aprovado pela Câmara em 2012, era abusivo.

“Naquela ocasião sentei com os vereadores e dois advogados da Câmara, e após detalhar diversos pontos da Lei Orgânica do Município os parlamentares optaram por reduzir em 30% o valor do aumento”, lembra. “Acho que dessa vez, os vereadores ficaram com medo que eu pressionasse para que os salários fossem extintos”, constata.

Agora, o padre Porto de Jesus pretende fazer uma campanha para que a Câmara de Vereadores e a Prefeitura sejam mais transparentes.

“O presidente da Câmara precisa ter um controle sobre as diárias de viagens que são pagas. Os vereadores de Mauá da Serra gastam mais com diárias do que os vereadores de Maringá. A Câmara precisa fiscalizar mais as atividades do Executivo. É um absurdo uma cidade de quase 10 mil habitantes, com orçamento anual de R$ 27 milhões, não ser referência na região, não ter todas as ruas asfaltadas. Precisamos de mais transparência”, alega o padre.http://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2015/08/o-bem-prevaleceu-diz-padre-que-pediu-reducao-salarial-de-vereadores.html