Governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg
(PSB), a maquete do memorial e o ex-presidente João Goulart
Jango,
o governador socialista e o general afrontado
A segunda cassação de Jango
O índice de boçalidade nacional cresceu
assustadoramente na quarta-feira, 19, com a surpreendente decisão do governador
socialista de Brasília, Rodrigo Rollemberg, declarando nula a cessão de um
terreno no Eixo Monumental para a construção do Memorial da Liberdade e
Democracia, dedicado ao presidente João Goulart.
É o último projeto desenhado pelo arquiteto
Oscar Niemeyer e parecia caminhar bem, até trombar numa aliança hostil formada
pelos ex-governadores Joaquim Roriz e José Roberto Arruda e pelo empreiteiro
Paulo Octávio Pereira.
Rollemberg atropelou um abaixo-assinado de 45
senadores que corre pelo Senado Federal contra a ‘segunda cassação’ de João
Goulart.
A paranoia sobrevive
O governador de Brasília espana a
responsabilidade com argumentos técnicos e difusos do Ministério Público, mas
existem pressões militares que ele não tem coragem de revelar e que mostram a
persistência da paranoia anticomunista.
Dias atrás, a senadora Vanessa Graziottin
(PCdoB-AM) teve a prova disso pela boca da maior autoridade militar do País: o
general Eduardo Dias da Costa Villas Boas, comandante do Exército.
— Este memorial não pode ser construído ao lado
do Quartel-General. Isso é uma afronta ao Exército! — bufou o general, ao
visitar com a senadora o terreno no Eixo Monumental reservado para o memorial,
num espaço entre a Praça do Cruzeiro e o Memorial JK.
A seta do susto
O terreno fica a um quilômetro de distância, em
linha reta, do QG do Exército onde trabalha o comandante Villas Boas e sua
assustada tropa de generais.
No final de 2014, pouco antes de deixar o
Ministério da Defesa, na transição entre o primeiro e o segundo mandato de
Dilma Rousseff, o então ministro Celso Amorim explicou ao perplexo filho de
Jango, João Vicente Goulart, a razão da bronca militar contra o memorial:
— Esta seta já provocou alguns problemas. Ela
está apontada para o QG e seria melhor colocar do outro lado da avenida —
apontou o ministro Amorim.
A
infiltração de Niemeyer
A seta que incomoda os generais é uma cunha
vermelha, com a ostensiva inscrição do ano de 1964, encravada na cúpula branca
da construção ondulada de 1.200 metros quadrados.
A paranoia dos militares, apesar da queda da
ditadura há 30 anos, vai além do Memorial JK.
No passado, eles encrencaram com outros dois
projetos ‘subversivos’ de Niemeyer, um comunista assumido: a torre de controle
do aeroporto internacional Juscelino Kubitschek e o pórtico do Memorial JK,
ambos na capital federal.
Para os generais, antes e agora, tudo aquilo
não passa e clara alusão à foice e ao martelo, símbolos do comunismo
internacional que Niemeyer implantou no horizonte de Brasília. Um horror!
http://www.viomundo.com.br/denuncias/luiz-claudio-cunha-exercito-pressiona-e-o-governador-de-brasilia-veta-memorial-a-jango.html
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